Fala galera… Seguinte, é agora ou nunca que você entenderá esse tal de PLD, o Preço de Liquidação das Diferenças.
Tudo de mais importante que você precisa saber sobre essa sigla vai estar aqui, vamos nessa?
O QUE É O PLD
É o Preço de Liquidação das Diferenças. Utilizado, também, como referência para negociação de contratos futuros.
No fechamento do balanço energético de um agente, o PLD é utilizado nas negociações de energia no mercado de curto prazo para valorar as diferenças, ou seja, a diferença entre consumo x contrato ou geração x garantia física.
Pensa assim: Sempre que, no final do mês, faltar ou sobrar energia que era prevista em um contrato, essa diferença, seja ela positiva ou negativa vai ser valorada ao PLD.
Por exemplo: Uma indústria contratou 100 MWh de energia para suprir seu consumo em um período. Porém, a indústria acabou extrapolando o que foi contratado, pois seu consumo foi de 150 MWh.
Essa diferença de 50 MWh, se não for negociada no mercado spot, terá de ser paga, via liquidação financeira. Essa diferença será valorada ao PLD do mês de referência.
Se o PLD estiver a R$100,00/MWh, o valor da liquidação financeira será de R$5.000,00. entendeu?
O mesmo pode ocorrer caso a indústria não utilize toda a energia contratada, nesse caso ela pode vender o excedente utilizando como base o PLD no mercado de curto prazo, ou ‘deixando’ para liquidar ao PLD.
A Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) é responsável por calcular as sobras e faltas, valora de acordo com o PLD estipulado e liquida no final do mês. Isso determina um valor a pagar ou a receber por cada agente do setor.
COMO O PLD É CALCULADO
O PLD é definido pela CCEE através do CMO (custo marginal de operação). O CMO basicamente é o custo que as usinas tiveram para gerar a energia elétrica para os consumidores.
O CMO é calculado de uma forma bastante complexa, através de modelos computacionais, considerando dados climáticos, nível dos reservatórios das usinas hidrelétricas, preço dos combustíveis no mercado, consumo da população, dentre vários parâmetros.
Nas imagens a seguir, a curva laranja representa o consumo em um período, e a curva verde representa a geração no mesmo período, o cenário mais desejável num sistema elétrico como o nosso seria o 1, pois no 2 existe um descolamento, ou uma geração exagerada de energia.
Você deve estar se perguntando quem é o responsável por fazer todos esses cálculos…
O Operador Nacional do Sistema (ONS) que realiza todo esse serviço através de softwares muito competentes, então não precisa se preocupar.
Importante dizer que a modalidade de geração hídrica possui um valor de CMO baixo, já uma usina termelétrica possui um CMO alto. De uma forma mais simples isso significa que é mais barato gerar energia com hidrelétricas do que com termelétricas.
Mas você pode se perguntar: então porque o ONS não opta por utilizar somente a fonte hídrica todo o tempo, e baratear a tarifa de energia da minha casa?
Esse é um dos trabalhos mais complexos do ONS, ele não pode abusar da geração hídrica porque pode ser que falte no futuro, lembra que eu comentei que eles levam em conta o clima do país e a quantidade de chuvas? Pois é, essa não é uma tarefa simples.
O ONS tem que coordenar todos os tipos de geração de uma forma que nunca falte energia para nenhum consumidor e deve utilizar o recurso hídrico de uma forma inteligente, para que o custo da energia não aumente de uma forma exagerada num período de seca, como em 2014 por exemplo.
COMO É HOJE
Vamos entender o funcionamento do PLD hoje. Até o ano de 2020 o PLD é calculado e divulgado pela CCEE uma vez por semana, essa semana se inicia no sábado e termina na sexta-feira, a chamada semana operativa.
Além da frequência semanal, ele é dividido em três patamares de carga e quatro submercados.
Os patamares de carga são: leve, médio e pesado, e correspondem ao grau de consumo diário. O patamar leve corresponde ao grupo de horas que o consumo de energia é baixo, o patamar pesado é quando o consumo está alto, e o patamar médio é o meio termo.
Já os submercados são: Norte, Nordeste, Sul e Sudeste + Centro-Oeste.
Ou seja, para um mês com quatro semanas, teremos 48 PLDs diferentes (4 semanas x 4 submercados x 3 patamares).
Um assunto que está cada dia mais na pauta do setor é a mudança do PLD, pois a partir de 2021 teremos uma alteração significativa, será implementado o chamado PLD HORÁRIO.
COMO SERÁ A PARTIR DE 2021
A partir de 2021 o PLD vai passar a ser horário e divulgado diariamente. O que isso significa?
Isso quer dizer que em um único mês, ao invés de termos 48 PLDs diferentes por mês, teremos 2.880 valores de PLD diferentes, um para cada hora do dia, para cada dia do mês, para cada um dos quatro submercados.
Os especialistas esperam que, com essa mudança, o preço da energia comercializada se aproxime mais do seu custo de geração. Ou seja, falando numa linguagem mais rebuscada:
Espera-se que com essa mudança a variação do PLD seja mais fidedigna à variação do CMO, ambos são determinados em R$/MWh.
MAIS COMPLEXIDADE PARA O CONSUMIDOR
Um PLD mais detalhado vai gerar mais variações ao longo do dia, causando uma maior exposição dos consumidores, como a indústria do nosso exemplo anterior.
Caso o administrador dessa indústria queira otimizar os custos e pagar menos na conta de energia, ele pode adequar o seu fluxo de produção para que consuma mais energia nas horas em que for mais barato, e diminua o fluxo nas horas em que a energia for mais cara.
Esse tipo de mudança pode ser considerada uma ação de eficiência energética, pois além de economizar nos custos de energia, a indústria vai colaborar desafogando o sistema de distribuição.
Ações como essa ajudam não só o consumidor final, mas também o sistema elétrico da região, todos saem ganhando nesse caso.
Além das ações de modulação de demanda, como a citada acima, o PLD horário também vai gerar novas oportunidades de negócios, contribuindo para o desenvolvimento do setor e aumento da necessidade de mão de obra especializada.
MAIS COMPLEXIDADE PARA O GERADOR
O setor de geração também será impactado com essa mudança.
Usinas eólicas, por exemplo, podem ter impactos negativos pois uma boa parcela da sua energia é gerada durante a madrugada, período em que o consumo do país está baixo, fazendo com que os PLDs dessas horas fiquem mais baratos. É como se a usina gerasse uma energia menos valorizada naquele momento.
O oposto ocorre com usinas fotovoltaicas, elas devem sentir um impacto positivo nos seus negócios. Como sabemos, o pico da geração de energia dessas usinas se dá normalmente entre 10h e as 15h, e nesse período existe uma necessidade maior de energia pois é o horário comercial e de trabalho da maioria da população.
Além disso, nos últimos anos, o consumo de ar condicionado no Brasil vem crescendo, aumentando também a demanda de energia nessas horas do dia, fazendo com que a usina gere uma energia mais cara por conta desses fatores.
O PLD horário é visto com bons olhos pelos especialistas da área, pois indica um passo importante rumo à otimização do setor elétrico. Mas essa evolução requer uma certa preparação dos agentes do setor.
Na operação do sistema o processo de preço horário já está “vencido”, pois o CMO é calculado a cada meia hora. Já a CCEE está calculando o preço sombra para ser implantado comercialmente (ou seja, pra valer) em 2021.
Muita informação não é mesmo? Mas o nosso compromisso é esse, trazer um material completo pra você.
Até o próximo post!
Bom dia!
Esclarecedor ! Bom
Olá Tadeu. Show, que bom que essas informações lhe ajudaram!
O governo está apavorado com o caos que ocorreu na Califórnia, Portugal e Alemanha onde o excesso de energia renovavel provocou apagões…. aqui no Brasil está começando a acontecer isto…o excesso de eólicas do nordeste onde o vento atinge, às vezes, mais de 10 GW e em alguns horários e quase zero GW em outros horários
…por duas vezes quase ocorreu apagão no subsistema Nordeste em maio/2020. Precisamos procurar ventos diferentes como os do RS, estimular as térmicas de biomassa onde o Centro Oeste é poderoso. As PCH precisam ser estimuladas pq elas funcionam como baterias e dão equilíbrio ao sistema. A energia local precisa ser estimuladas.
Olá Pedro, ótima a sua percepção.
Inúmeros estudos e políticas estão sendo aprimoradas para incentivar os 3D’s (descentralização, descarbonização e digitalização)
Muito já se evoluiu e ainda tem-se muito a melhorar.